Depois de 30 anos, Cordélia Brasil, peça escrita pelo escritor beat Antonio Bivar, renasce sob direção de Gilberto Gawronski, com Maria Padilha, Cadu Fávero e George Sauma no elenco. O texto de Bivar propõe uma encenação realista com exageros tropicalistas. Um Brasil que muitas vezes abandonava suas cores para se americanizar.
Para sustentar seu companheiro Leônidas, que sonha em ser escritor de histórias em quadrinhos, Cordélia, além de trabalhar como auxiliar de escritório, começa a se prostituir. Ela traz para casa um jovem de 16 anos, Rico, que acaba morando com eles. Forma-se então um triângulo, em que se insinua a cumplicidade entre os dois homens, já que Rico se identifica com o comportamento de Leônidas para com Cordélia. A relação torna-se cada vez mais conflituosa, acabando por precipitar um desfecho trágico que, paradoxalmente, é tratado de forma poética e absurda.
"Em Cordélia, Bivar trata, sim, de um mundo marginalizado, mas não faz estardalhaço do fato, e, o que é mais importante, não extrapola interpretações definitivas da precária organização social que gerou aquele fragmento de inferno que mata pacientemente os que o habitam: em mundos menos absurdos, pode-se morrer por causas nobres e justificáveis, com o acompanhamento de um grande gesto; no mundo de Bivar, onde o trágico passa por banal, morre-se por um cigarro que alguém roubou." TITE DE LEMOS (O País, RJ, 1968)
"O talento nascente do jovem dramaturgo Antonio Bivar é inconteste. Há, em meio ao indomado caos, o importante que Antonio Bivar flagrantizou dentro da sua atitude negativa, a furiosa necessidade de afirmação e de registro que as criaturas têm na passagem por este velho e selvagem mundo. Este aspecto, o mais fundo da peça de Bivar, nos leva a algo para afirmarmos que existimos. Cordélia Brasil ficaria lembrada por uma fotografia, nua, como veio ao mundo. Cordélia Brasil é uma peça essencialmente moral." VAN JAFA (Correio da Manhã, RJ, 1968)
"A peça de Bivar é muito engraçada, muito terna e muito cruel. O marginalizado da classe média vivendo uma situação absurda de sobrevivência, desinteressando-se não só pelo destino da sociedade em que vive mas até mesmo pelo seu destino individual." LUIZ ALBERTO SANZ (Ultima Hora,RJ, 1968)
"Bivar possui uma força poética extraordinária e uma contundência poucas vezes vista entre os nossos autores." FAUSTO WOLFF( Tribuna da Imprensa, RJ, 1968)
FONTE: Portal SESCSP
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